quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Natal em Belém da Palestina, o anseio pela PAZ

Bate o sino, pequenino, sino de Belém! Já nasceu o Deus menino para o nosso bem! Paz na Terrra pede o sino alegre a cantar, abençoa ó Deus menino este nosso lar!

Quem nunca ouviu esta música, esta cantata de natal? Todos ouvem direto, pelo menos em países ocidentais liberais, durante festividades de fim de ano, em que somos bombardeados pelo comércio por temas natalinos para comprarmos presentes para os nossos entes queridos. E funciona. Mas o natal não é só comércio, não é só presentes, não é só Papai Noel. Inclusive, falando em Papai Noel, na verdade a figura dele é inspirada num santo, agora não me lembro bem o nome, seria Santa Claus? Enfim, mas bem diferente da fantasia, ele não vivia no Pólo Norte, ele vivia no sul da Turquia, próximo à Antalya, passei ali do lado, mas não quis ir até o monastério. Ele foi um santo que cuidava das crianças, por isso a fama. Também passei, na Finlândia, próximo à casa de verão e de inverno do Papai Noel, mas nem visitei. Em vez disso tudo, visitei um lugar muito especial, com o real significado, desta vez tão intenso, do natal.

Belém! A cidade onde nasceu Jesus, em uma viagem em que Maria ia num jumentinho junto ao seu marido José, foi a hora do nascimento e eles não tinham lugar para ficar, por isso, num local para os animais, que antigamente seria uma gruta, Jesus nasceu numa manjedoura, acalentado pelos animais que o serviam. Foi quando chegaram os reis magos do Oriente, que leram as profecias do profeta Daniel sobre o Messias e sabiam exatamente o dia em que ele nasceria, e foram guiados para encontrá-lo, e o presentearam. Não o entregaram a Herodes como estavam contratados, em vez disso, o serviram e retornaram à casa. Bom, acho que esta história todos também já conhecem. Alguns se perguntam: mas se estava escrito nas escrituras as profecias de Daniel que se bem calculadas indicariam exatamente a data do nascimento do Messias, porque os judeus não perceberam isto? Já que liam diariamente a Torá? Bom, é que antes daquela época houve um movimento de pensamento, que não se deveria interpretar as escrituras e profecias de modo literal, então havia muito tempo que eles não estudavam de maneira literal a Torá, por isso ficaram cegos ao fato. Menos os sábios do Templo, servos de Herodes, então Herodes sabia, e por isso mandou matar a todos os meninos com menos de 3 anos na época, foi quando a família sagrada fugiu para o Egito, guiados por um anjo.

No dia de natal de 2010, eu estava na cidade onde nasceu Jesus, em Belém. Fui logo cedo no dia 24 de dezembro e curti o dia inteiro lá. Chegando à praça da Natividade, estava cheio de pessoas, pois haveria um desfile, havia por ali muitos turistas mas também muitos palestinos. Sim, Belém fica na Palestina. O Brasil, meu país, aceitou e considerou a Palestina como Estado Independente neste mês de dezembro, então para mim, é um país, uma nação. E realmente é. O desfile era um desfile cívico, como o nosso 7 de setembro, o dia da independência, as escolas da cidade fizeram desfile, com bandas e bandeiras. Na frente, sempre bandeiras da Palestina, ostentando com orgulho sua bandeira sempre ia o primeiro do grupo. A organização era impecável, com policiais, mídia, políticos, e o público. Várias mulheres em meio ao público, palestinas, vestidas como ocidentais (sem véu), e algumas com véu, à opção de cada uma. E várias mulheres entre as bandas, e também ostentando bandeiras, com roupas normais de desfile, como no Brasil. À aqueles que pensam que na Palestina eles querem fazer um governo autoritário de repreensão seguindo o Islamismo ultra-radical, engano, a Palestina só quer ser livre, só quer a paz, quer a liberdade para poder se desenvolver e trazer paz e tranquilidade ao seu povo, como qualquer país, com liberdade. O terrorista aqui é Israel, que, por ter financiamento externo, tem poder militar, e com isto cerca o território palestino com muros, soldados, a todo momento estão com seus aviões militares e caças sobre território palestino, vigiando e controlando. É uma prisão, pois os palesitnos não podem sair dali, e não podem ter aeroporto. E as pessoas que, com alguma ignorância sobre o assunto e preconceito, seguem o que vêem na mídia e acreditam que a Palestina é um Estado terrorista, que remete ao medo. Pura ignorância. Se você pensa assim, repense. A Palestina guarda a Terra Santa, Belém, Jericó, parte de Jerusalém, entre outros vários pontos de interesse religioso, a terra santa de Moisés é lá. E eles querem se valer disto, e se desenvolver além de outras, baseado neste turismo. Mas isto se Israel deixar. E o mundo fecha os olhos, emudece e tapa os ouvidos aos apelos destas pessoas, e ainda condena cegamente. Injusto. Eles só querem paz e liberdade, não é justo que a tenham?

É um país mais árabe, então é um pouco ao estilo árabe mesmo, que eles tem uma cultura mais de gritaria na rua pra vender as coisas, sujeira nas ruas pois jogam tudo no chão, carros buzinando toda hora, pessoas andando nas ruas e não nas calçadas, mas vendo Palestina, Síria, Jordânia, Egito, a Palestina é a menos pior neste sentido. Mas é cultura.

Em todos os cantos da cidade podia-se ler: Ore pela Paz. Ou: Reze pela liberdade da Palestina. É o sentimento que se tem andando por lá. Pelo menos não é difícil de ir de Jerusalém para Belém, para os turistas. Mas israelenses não podem ir para a palestina, e palestinos não podem ir para Israel, então há um check-point na fronteira, assim como havia na antiga Alemanda pós-guerra. Para quem vai na Alemanha em Berlin e ve o museu do terror, o check-point Charlie, que era o check-point que separava as duas partes, com o muro em volta, e se choca, com a ignorância que este povo tinha em fazer uma coisa absurda destas, e acha que hoje somos cabeça mais aberta e não temos mais isto. Esta pessoa se engana, ainda temos isto, os israelenses fizeram um muro em volta da Palestina, e há o mesmo tipo de check-point, continua sendo um absurdo? Se é, a maioria não se importa. Em Jerusalém é possível pegar um ônibus que vai até a fronteira, e da fronteira pegar um outro para Belém, ou um táxi. Mas no dia do natal havia um serviço de shuttle-bus que levava até um ponto de Belém, e dali pegávamos um táxi para a praça da Natividade, muito fácil, e pela noite estava funcionando este serviço por toda madrugada, pela demanda turística no natal.

Depois do desfile, entramos na famosa igreja da Natividade. Pensei que haveria mais gente, havia, mas nem tanto. A Igreja da Natividade é um caso interessante, a igreja é dividida por várias religiões, pois é importante para várias. Mas a igreja fica na verdade metade na mão dos Católicos Ortodoxos, e metade na mão do Católicos Romanos Franciscanos. Mas o local mais importante, ou seja, a entrada para a gruta onde acreditasse que nasceu Jesus, é pela igreja ortodoxa, uma catedral diferente, com teto em madeira, parece quase um galpão (perdão pela comparação), mas é linda! E especial. É diferente, e por isso tão especial, o chão de mosaicos está mais abaixo do que hoje pisamos, e no dia da minha visita abriram umas portas de madeira no chão e era possível ver o chão original. Claro, ortodoxa, cheio de incenso na igreja, e ícones, a entrada é uma porta de 1,2m, devemos entrar prostrados (ou abaixados). Descendo as escadas no fundo da igreja já se percebe um clima diferente, depois de uma portinha pequena, há uma gruta, pedras nas paredes, pedras que talvez tenham testemunhado o nascimento do Messias, que formavam e ainda formam uma gruta. No local onde acreditasse que Maria deu a luz a Jesus, há uma estrela, no chão, e ali está escrito: Aqui Maria deu a luz a Jesus. Algo assim. E as pessoas chegam ali, se ajoelham, choram, oram, turistas tiram fotos, e no dia do natal estava cheio aquilo, grupos de turistas, policiais mandando saírem para não tumultuar, e eu lá no meio. Fiquei um bom tempo lá, fui duas vezes me ajoelhar lá na estrela cercada de incesos, tenho fotos, vou postar. Estar nesta gruta, no natal, supostamente exatamente 2010 anos após o nascimento, é especial, não tem o que dizer. Esta é a primeira coisa especial deste dia, e a mais importante.

Depois saímos, visitei uma outra gruta embaixo do mesmo complexo de igrejas, e ali é onde um santo monge da igreja traduziu a Bíblia do hebraico para o latim, e iniciou a difusão da Palavra. Depois assisti a uma missa na igreja católica dos franciscanos. Depois, saindo da igreja, fiquei observando em volta, e percebi um detalhe muito importante, o sino de Belém. Um pequeno sino, tímido, ali emcima da catedral. E este sino representou a segunda e terceira coisa especial do dia, já digo porque.

Antes, durante o dia, assistimos a um festival de músicas natalinas na praça da Natividade, e andamos pela cidade. Já durante a noite, resolvemos que faríamos nossa ceia de natal, eu e meu pai. Compramos um frango assado e 2 litros de coca gelada, para a nossa ceia. Quem disse que encontramos um local calmo para comer? As ruas estavam lotadas de gente, por todos os lugares, nosso único refúgio para sentar era no centro de informações turísticas, e ali não era possível comer, esperamos.

Começou a missa do Galo, na Basílica da Natividade, e só quem pôde entrar foram pessoas que haviam reservado já a mais de 3 meses, e que puderam participar de um sorteio entre estas pessoas, também autoridades palestinas importantes estavam presentes. Para quem pensa que é um estado Islâmico radical, estava na Missa do Galo o chefe da autoridade Palestina, isto significa alguma coisa pra você? Não é fato determinante, mas indica a realidade. Assistimos então a Missa do Galo em frente à Basílica, mas num telão instalado no palco do festival. Ali chegou uma família de brasileiros muito simpáticos, um casal com três filhos, infelizmente não passei contato para eles então nunca vão ler isto, haha. Eles ficaram ali ao lado assistindo, são católicos, mas era difícil entender pois o padre rezava a missa em latim e o tradutor traduzia emcima para árabe, mas, tava valendo! Enquanto isso, vários balões eram lançados ao ar, dali mesmo, da praça. 

Então foi quando deu meia noite, e uma sensação me fez perceber o segundo e terceiro momento especial do dia. A missa deu uma pausa, todos começaram a cantar: Glooooooria! Glooooooria! Gloooooria! De repente, começa a tocar, o sino, pequenino, sino de Belém. Falei pra menina filha do casal: Nossa, olha que importante, é o sino de Belém! Bate o sino pequenino sino de Belém! E tocou por bastante tempo, e todos atentos, ouviam, e cantavam, e oravam.

A canção diz: Bate o sino, pequenino, sino de Belém, já nasceu o Deus menino para o nosso bem. Ali estava eu, ouvindo este mesmo sino tão conhecido e sonhado, com todos celebrando o nascimento do Deus menino, que veio para o nosso bem. E isto foi especial. Blém, blém, blém, blém, blém, blém, blém, blém, blém, blém, blém, blém, tocava exatamente assim!

A canção diz: Paz na Terra pede o sino alegre a cantar! Abençoa ó Deus menino este nosso lar. Isto foi a terceira coisa especial, enquanto tocava o sino, percebi o desejo de paz daquele povo, a esperança de um dia serem libertos, o anseio por liberdade se tornou ainda mais forte neste natal, em que receberam um número recorde de turistas, sem problemas, e muito bem organizados, assim puderam acreditar que sim, é possível, eles formarem a nação Palestina a qual tanto sonham. E o sino, alegre a cantar, refletia o desejo de muitos corações ali presentes, desejo de Paz na Terra, Paz na Palestina, Justiça, Liberdade. Não é especial?


Depois de todas estas coisas, terminando a missa, voltamos para o nosso hostel em Jerusalém, chegamos 4 da manhã e fomos fazer a nossa ceia na cozinha, enquanto era meia noite no Brasil, comemos e nos fartamos, graças a Deus, na ceia deste natal tão especial.

Fotos:

 Palestinos assistindo ao seu desfile cívico

 Desfile cívico da nação palestina

 Na gruta onde Jesus nasceu

 Gruta da Natividade

 De Maria nasceu Jesus, está escrito isso nesta estrela que hoje fica no local exato

 A família Sagrada

 Onde a Bíblia foi traduzida pela primeira vez de hebraico para latim, em Belém

 Basílica da Natividade

 Antigo Sino de Belém

 O Sino de Belém

 Táxi chique palestino

 Igreja dedicada a São José, o pai carpinteiro

 Presépio em Belém

 Nossa ceia de natal! =D

 O muro da Palestina

 Passado? Presente?... FUTURO??

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Nova Jerusalém – Dias 47, 50

Bom, no último post eu falei mais sobre a história de Jerusalém, hoje porém vou contar como está a cidade hoje, apesar de que irei também contar sobre alguns dos melhores lugares que visitei na cidade, que fazem parte da história é claro, lugares que não foram visitados por mim nos primeiros dias.

Primeiro vou apenas contar quais são estes lugares, que na minha opinião são os mais interessantes da cidade santa, depois vou falar sobre como a cidade é hoje, e depois sobre cada visita. O lugar mais interessante para mim com certeza absoluta foi o Garden’s Tomb, os Jardins da Tumba, já explico o porquê. Depois, a visita mais interessante foi ao Templo de Deus, hoje a Doma da Rocha, importantíssimo santuário islâmico, os últimos conquistadores desta terra, e em terceiro lugar mas não menos importante, os canais de Siloé, ou Túneis de Hezequias. Outro lugar importante que vou descrever hoje foi a casa de Caifás, que é um lugar muito especial também!

Jerusalém, terra de um povo, e de todos os povos. Terra prometida por Deus aos filhos de Abraão, e os filhos de Isaque, ou, seriam TODOS os filhos de Abraão? É como ela é hoje, de todos os filhos de Abraão, os judeus e os gentios (nós e os outros). A cidade é dividida, parte dela é parte do território de Israel, e parte dela é Palestina. A parte Palestina é mais pobre, e é controlada pelo governo, há um muro que separa a Palestina de Israel, sim, um muro, como o Muro de Berlin, você acha que essa ignorância é coisa do passado? Não é, ignorantes sempre existiram e sempre existirão. Mas andando por Jerusalém, pela nova Jerusalém, é possível ver riqueza, e mistura. Apartamentos e comércios muitos ricos por parte dos judeus, e aquelas ruas sujas e bagunçadas cheias de comércio dos árabes. Parques lindos europeus, e pra lá da cidade velha bairros que mais parecem favelas. Se você está na cidade velha de Jerusalém é possível ver isto. Se você sair pelo portão de Damasco você ve aquela bagunça que é as ruas cheias de gente e comércio e lixo dos árabes. Se você sair pelo portão Jaffa, você verá uma riqueza sem tamanho, um shopping novíssimo, lindíssimo e caríssimo logo em frente ao portão, hotéis de luxo, e prédios caríssimos. Se você sair pelo portão da cidade de Davi, você ve uma favela. Como isto pode conviver num espaço tão pequeno? Tudo é possível nesta cidade tão importante. Um parênteses para a rodoviária de Jerusalém, a mais bonita que passamos, é um shopping center completo, com praça de alimentação e tudo, super moderna e confortável! Muito diferente por exemplo daquele lixo que é a rodoviária de Tel Aviv.

Mas para mim o sentimento é de repugnância ao ver o que se vê na cidade. Falei da diversidade de bairros, agora vou falar da diversidade de pessoas. A repugnância a qual me refiro é ao ver os jovens da cidade. Que governo, em sã consciência, deixa obrigatoriamente armados com rifles todos os seus filhos entre 17 e 20 anos? O Governo de Esparta ou de Israel? Qual é o governo que faz meninas lindas vestirem sempre que saem de casa um uniforme do exército e carregar aquele rifle poderosíssimo? Esparta ou Israel? Qual governo faz educação voltada para a Guerra, e ao conflito, às suas crianças, para que eles cresçam com esta mentalidade? Esparta ou Israel? Sim, Israel é o país da Guerra. Eles vivem para guerrear, sim, eu conheço a história recente de Israel, que estavam assolados pelo mundo e só depois das guerras do último século puderam voltar para casa, e no último século fizeram a guerra dos 6 dias e conquistaram todo o território de Israel, claro, sempre com o apoio estratégico e financeiro dos Estados Unidos. Judeus nasceram para guerrear, esta é a impressão. Fazem seus irmãos reféns do medo, e reféns dos judeus, prisioneiros a céu aberto, não se pode sair dos territórios palestinos, e em alguns territórios como a Faixa de Gaza, não se pode entrar suprimentos para a população, e o governo de Israel ve os seus irmãos morrerem de fome, e batem palmas, e o mundo fecha os olhos, emudece, e tapa os ouvidos. E aí? Quem é o terrorista? Terror é o marketing que se faz à população do Ocidente, pois sabe-se que com o sentimento medo, a população aceita e apóia ações violentas como as que se fazem aqui, ou em países árabes, assim os países ricos podem se apoderar das riquezas que aqui existem, tomando conta destas terras. Mas enfim, voltando às meninas de Israel, que estranho ver meninas lindas, e todas as que têm entre 17 e 20 anos, fardadas e carregando um rifle enorme, muito estranho, roubaram sua juventude criança? A inoscência se foi, e veio a força cega em favor do poder de alguém. Aqui percebe-se que o clima é de guerra, assim como no Líbano, uma faísca e tudo explode. Apesar dos esforços para a paz, que são um mero disfarce para prolongar a situação como está, que é de carceireiro e prisioneiro. E, nem vou falar sobre os bombardeios de Israel ao Líbano em 2005, que sem razão destruíram a infra-estrutura de um país que só queria crescer e se desenvolver em paz. Por causa de uns foguetinhos de milícias isoladas (e sequestro de 2 pupilos)? É Israel quem isola e empobrece as pessoas e a única resposta que alguns podem dar, de revolta, é algum pequeno ataque, e isso é o motivo que Israel estava esperando para poder avanças suas tropas. É como cercar, e deixar seu gato sem comida, e isolado, e magro e enfraquecido, e quando ele reclamar um pouco, e tentar te arranhar, você tira a pele dele, foi motivo suficiente. Forte comparação!


Bom, vou melhorar o clima! Viva! Estamos na Terra Santa! Vou contar sobre as minhas melhores experiências nesta cidade! Primeiro trocamos de hotel, pois o que estávamos não estava agradando muito, apesar do terraço, fomos para o Jerusalem Hostel. Fica na Jaffa Street, a rua que liga os muros e o portão Jaffa Gate da cidade velha à rodoviária da cidade nova. É uma rua ótima, muito movimentada inclusive a noite, com muito comércio de boa qualidade, restaurante, bares, etc. É ótimo, tem tudo próximo! O hostel é ótimo! Claro, WiFi em todos os quartos, cozinha grande e limpa, apesar de ter apenas uma geladeira para o hotel todo, e todos os equipamentos necessários para uma cozinha à disposição. Os quartos limpos e com banheiro em cada quarto, apesar dos colchões serem mais ou menos. Aos com ouvidos sensíveis, pegar um quarto com janela para a rua, como a maioria dos quartos é, não é muito agradável, e o staff é ótimo! É uma das coisas que me atraiu pro hostel, haha.

Vou começar do quarto colocado, a Igreja do Canto do Galo, é perto da Tumba de Davi, e ao lado da cidade de Davi, é onde Pedro negou Jesus por três vezes antes de o galo cantar três vezes. É também onde ficava a casa de Caifás, o chefe sacerdote dos judeus na época de Jesus, ali ele julgava, condenava, e mantinha uma prisão, é a prisão onde ficou Jesus, sofrendo até a manhã, sendo humilhado, até ser levado para Pilatos. A igreja é linda, é possível ver onde era a casa, e é possível ver a prisão (o buraco) onde jogaram Jesus, e onde ele derramou seu sangue, onde sofreu, frio, febre, dor, humilhação. Ali é possível sentir um pouco da dor, é um lugar especial! Verifiquem a foto que vou postar, deste lugar! Quando eu cheguei lá, só havia um grupo de uma família e um guia na igreja, e eram brasileiros! Duas famílias e um pastor, e eu fui seguindo eles de espião pra escutar as explicações, haha. Depois me revelei brasileiro, eles são brasileiros mas moram na Grécia, eu segui eles nos 3 andares, na igreja do canto do galo, no andar inferior que é a casa de Caifás, e no andar inferior que é a prisão.

Logo ali ao lado fica a cidade de Davi. É um complexo que compreende os atuais trabalhos de escavações arqueológicas da cidade. Jerusalém hoje em dia é a cidade com maior atividade arqueológica por se tratar de um lugar com tanta história a se descobrir. A cidade de Jerusalém, como eu disse no post anterior, já vinha da época de Abraão, e quando os judeus voltaram do exílio no Egito, então liderados por Josué, a cidade era governada por um reino, dos jabuleus. Então mais tarde veio a se tornar parte de Israel, mais precisamente com Davi, 1000a.C., a 3 mil anos atrás, ali ele fundou a capital do Reino Unido de Israel. E dali governou poderosamente, sendo escolhido de Deus. As muralhas da cidade eram outras, e compreendiam esta região que hoje é da área de escavações, parques, e um bairro pobre. Ali existia uma piscina, chamada piscina de Siloé, que era ativa até os tempos de Jesus, que é onde inclusive Jesus realizou um milagre de cura. Ali fica um túnel que ligava a cidade, por dentro de suas muralhas, na piscina de Siloé, até a fonte de Gihon. O túnel foi escavado em 800a.C. no reinado de Hezequias, segundo Crônicas 32, 2-4 (30), e II Reis 20:20, e foi feito para proteger Jerusalém e seu povo durante cercos dos inimigos, mais precisamente dos Assírios, assim eles teriam acesso subterrâneo à fonte de água, e teriam este abastecimento garantido. Para fazer o túnel, um ia cavando de um lado, e outro de outro, até se encontrarem. É a única construção tão antiga quanto do século 8a.C. que está intacto e ainda pode ser visitado. Portanto é IMPRESCINDÍVEL a visita a este local. Quando entramos, estávamos sozinhos, não havia ninguem, apenas o mortal silêncio subterrâneo, que guarda fantasmas milenares, a água, gelada, e o único som que ouvíamos era do movimento das água devido aos nossos passos. O vento do ar que entrava e saía do túnel fazia sussurros, sussurros na escuridão, sozinhos na escuridão, no frio, sensação única! É claro, usávamos uma pequena lanterna, senão é impossível andar lá dentro, no total breu. Mas às vezes desligávamos e ficávamos parados ouvindo o silêncio, e os sussurros. Andamos por mais de meia hora naquela escuridão, túneis com pouca largura, sempre cerca de 80cm de largura, e a altura variava entre 1,2m e 3m, sim, tínhamos que nos abaixar várias vezes, imagine um clautrofóbico num lugar destes, na escuridão, ar pesado, água de até 70cm de altura (sim, chegava nisso mesmo), 80cm de largura de túnel e 1,20m de altura, tendo que se abaixar. A pessoa teria um infarte na hora, no mínimo faltaria ar! Então, aos claustrofóbicos não aconselho, mas é uma pena, pois perdem uma experiência inesquecível! Outro conselho, eu entrei no túnel, na água, de tênis, pois pensei que talvez as pedras fossem ruim de pisar no túnel, que nada! As pedras de piso são lisinhas, melhor ir descalço, se você for lá! Ah, e esqueci de um detalhe, o rei Davi, em sua majestade, proclamou seu filho Salomão, o qual iria se tornar o rei mais sábio de todos, e o rei que construiu o templo de Deus, proclamou seu filho Rei de Israel, ali, na fonte de Gihon, então eu imaginei a cena, um grande rei proclamando outro grande rei, e uma grande nação cobrindo os vales, gritando vida longa ao rei Salomão!

O rei Salomão então construiu o Templo de Salomão, ou Primeiro Templo, e ali Deus habitou, segundo a Bíblia, mas então o povo de Israel depois de anos, entrou em transgressão, e Deus deixou o local. O Templo foi destruído pelos Babilônios em 597a.C., pois os Israelitas ficaram sem a proteção divina, então eles viveram exilados e depois, com o reinado de um bom e generoso rei na Babilônia, eles puderam voltar, e dos escombros reconstruíram o templo, em 516a.C. finalizaram o Templo, sob a liderança de Haggai e Zacarias, com a benção de Ester. Então Herodes, da época de Jesus, deu um “increase” no Templo, e fez todo um complexo em volta do Templo do Monte. Então veio Jesus, que no Getsemani chorou vendo o templo que um dia ensinara, e em que um dia foi apresentado como judeu, prevendo sua destruição, e que nunca mais seria reconstruído. E em 70d.C. o templo foi destruído pelos romanos. E nunca mais foi reconstruído. O que aconteceu é que uns mamelucos construíram em volta, depois os islâmicos, e depois os primeiros islâmicos construíram ali a Doma da Rocha, um santuário importantíssimo para eles, uma das construções mais antigas do Islamismo, que eles acreditam que no Juízo Final será onde estará a ponte entre o céu e o inferno, onde Deus separará as pessoas dignas e não-dignas. E hoje este lugar é o lugar mais sagrado do mundo, e por isso o mais disputado do mundo, hoje está em poder dos muçulmanos, pois eles foram os últimos mandatários da região, até a chegada dos britânicos. Então eles controlam, e os judeus só lamentam pela parte de fora, no Muro das Lamentações, que é um muro do antigo complexo de Herodes (não do próprio Templo). Então ali é a razão das disputas entre os povos, os judeus, cristãos, islâmicos, todos pensam que tem direito, e hoje em dia todos convivem pacificamente, mas quero ver até quando. Ali, se fosse reconstruído o Templo de Deus, seria razão para paz entre estes 3 imensos povos. E, a paz não interessa aos poderosos, então, só o anti-Cristo para reconstruir o Templo! Mas então, para visitar o Templo existem horas determinadas, uma hora de manhã, e uma hora a tarde, não incluindo dias de Sabah, então fomos no horário da tarde, entramos pelo lado do Muro das Lamentações, numa passarela. E lá tiramos várias fotos, fiquei sentado ao lado do Templo todo o tempo possível, cheguei na porta e fiquei olhando pra dentro pela frestinha, islâmicos orando lá dentro, guardas pra todo o lado. É um lugar realmente especial.

Ali ao lado é o Muro das Lamentações, tão famoso. Por ali passei vários dias, para entrar há todo um esquema de segurança, tendo que abrir a mochila toda vez que entra, e costuma ser cheio de soldado lá dentro, além de vários judeus ortodoxos: daqueles que usam chapéu quadrado de pele, e roupa preta até o chão, e cabelinho encaracolado do lado das orelhas. Ali eu vi um movimento interessante, umas mães judias gritando que nem muçulmanas: ilálálálálálálálálá (sabe?), aí fui ver o que era. É que todas as terças os judeus comemoram os filhos homens que completam 13 anos de idade, e os apresentam à comunidade como homens. Aí é uma festa, é aquela festa onde eles lêem juntos uma Torá enorme numa placa enorme de ferro toda decorada, aí fazem umas orações, aí o menino leva aquela coisa enorme e pesada, às vezes com ajuda até um outro lugar, com uma fita preta amarrada no braço, e depois começam a cantar, e fazer dança de roda, e aí o menino senta em uma cadeira, e o pai também, e os convidados levantam as cadeiras e começam a dançar cantando e celebrando. Claro, tudo isto apenas entre homens, as mulheres todas devem ficar do lado de fora. Pelo menos ali no Muro das Lamentações era assim, achei legal ver a felicidade estampada na cara dos meninos e dos pais, muita felicidade, contagiante! Ali no Muro, é possível fazer uma excursão pelos túneis embaixo do muro, é o programa mais interessante a se fazer ali, e vale a pena. É preciso reservar antes, ligando para o número deles, mas obviamente eu não fiz isso, fui ao balcão pedir ingresso, ele falou que só teria para as 19h, aceitei prontamente. Estou esquecendo de falar o preço dos ingressos né? Porque na área judaica você paga pra tudo, naturalmente, mas os ingressos giram na faixa de 30 NIS, ou U$10,00, tranquilo. Os túneis, mostram até a entrada antiga do Templo, que ficam abaixo da terra, e mostra as bases reais do muro. Que são muito abaixo da cidade hoje, esta elevação é obra dos mamelucos.

O último local que vou descrever sobre Jerusalém é para mim o mais especial. Não é pela importância histórica, ou por ser tão visitado, ou qualquer motivo do gênero. É por ser especial, simplismente. O local traz paz, é um local tranquilo, de paz, de amor e felicidade. Enquanto procurando pela cidade eu só achei escuridão, solidão e tristeza (o que senti na Igreja Ortodoxa que é a Santo Sepulcro), enquanto achei apenas história (na cidade de Davi), enquanto achei apenas conflito, tensão e guerra (no Monte do Templo), enquanto achei apenas divisão (entre os quatro bairros, Cristão, Judeu, Islâmico e Armênio), enquanto achei só desvio da verdade (na área moderna), e enquanto achei só barulho, sujeira e confusão (na área muçulmana da cidade), aqui eu encontrei paz, tranquilidade, natureza, equilíbrio. Estou falando do Jardim da Tumba, ou Garden’s Tomb. Não é por eu ser cristão, sendo de qualquer crença minhas impressões seriam as mesmas, pois são ambientais. Mas ali é diferente. É administrado por uma associação protestante, sem rendimentos além das doações, eu ajudei bastante eles comprando muitos souvenirs ali, haha.

Segundo João 19, 41-42 Jesus foi crucificado num local que ficava próximo a um jardim, por isso acreditasse na possibilidade de a Gólgota onde Jesus foi crucificado seja não onde é o Santo Sepulcro, e sim numas pedras que ficam próximas e em frente ao portão de Damasco, o portão de Damasco é o mais antigo da cidade, que permaneceu sempre, e sabe-se que o local dacrucificação foi fora das muralhas. Ali com certeza na época de Jesus tinha um jardim, pois foi descoberta uma cisterna embaixo deste jardim, que poderia sustentar um jardim por 8 meses, era um jardim de um homem rico, feito sobre as pedras, ao lado de Jerusalém, ali está uma tumba, uma única tumba com lugar para várias pessoas, mas só foi utilizada uma vez, pois sabe-se que os judeus costumavam cavar na rocha um pequeno buraco para repousar a cabeça do falecido, e isto só aconteceu em uma das camas da tumba. Mateus 27, 60 diz que a tumba estava num jardim trabalhado em pedra. Era o túmulo de um homem rico. Segundo João 20-5 os discípulos poderiam ver da parte externa o que havia no túmulo, isto é possível aqui, pois há uma pequena janela na tumba, que os judeus faziam acreditando que por ali poderia sair o espírito do falecido. Mateus 27-60 revela que a tumba foi fechada com uma grande pedra na entrada, e nesta tumba há o local de rolagem desta pedra, exatamente do jeito que era, original. Lucas 24, 01-04 diz que a tumba poderia abrigar mais de uma pessoa, é o caso desta. Além de que João disse que era um sepulcro novo, usado pela primeira vez, que acabou sendo a única, se for este mesmo túmulo, ou tumba. Então todas as descrições bíblicas batem com este local, então pode ser que realmente seja aqui, os Jardins de José de Arimatéia, o Sinédrio, o judeu rico que após a morte de Jesus teve pena, e pediu seu corpo a Pilatos, para que pudesse limpar, e colocá-lo em um pano de linho fino, e colocá-lo numa sepultura de rico, assim como diziam as profecias.

Mas o importante daqui não é tudo isto, o importante é visitar aqui e perceber que, isto é bom. Isto é alegria, a tumba está vazia, e isso traz a nós esperança, pois Ele está vivo! E isso não é motivo de tristeza e pranto, escuridão, é motivo de luz, natureza, alegria, esperança! Na porta que está na entrada da tumba, está uma plaquinha em madeira dizendo: Ele não está aqui, pois Ele ressuscitou! Não é como a Tumba de Davi, que experimentou corrupção, Deus não permitirá que seu santo experimente corrupção, por isso o ressuscitou. É essa a nossa fé. E este local reflete limpidamente isto, a paz, o conforto, a segurança desta crença, que a tumba está vazia, pois Ele está vivo, esperando o momento certo (que creio estar próximo) da volta dEle, para iniciar uma nova era, derrubando o mal e trazendo a luz eterna, da NOVA JERUSALÉM. 


Fotos:

 Na fachada da casa de Caifás

 Parede de onde Jesus ficou preso

 Prisão de Caifás, onde Jesus sofreu antes da crucificação

 Será que é 70cm mesmo?

 Sim, é! Túnel de Hezequias! Experiência única!

Hmmm.... usando óculos escuros no meio de um túnel subterrâneo? Pra que mesmo? Ah, pra não cair na água, ou não raspar do teto, haha.

 Local do Templo de Salomão

 Local do Primeiro Templo

 O centro do mundo

 O centro

O lugar mais sagrado do mundo

 A lua do Templo

Muro das Lamentações by night

A Igreja onde Jesus foi condenado à vontade do povo, à coroa de espinhos

 Jardins de José de Arimatéia

 Possível Gólgota, onde Jesus teria sido crucificado

 A Tumba de Jesus, a janela, o local da pedra de rolagem... num jardim cravado na rocha, de um homem rico, próximo ao local da crucificação

 Ele não está aqui, pois ressuscitou!

 A Tumba de Jesus por dentro, apenas uma utilizada, em todos estes 2 milênios

A Tumba de Jesus

A nossa fé é esta, ele está lá fora, vivo.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Velha Jerusalém - Dias 45 e 46


Jerusalém, a cidade santa, a cidade de ouro, a cidade da paz, a cidade da guerra, a cidade de Deus, a cidade do Príncipe da Paz, a cidade do sacrifício, o centro do mundo, a terra prometida, a querida Sião! É dificil nomear ou descrever esta cidade, pelo menos por mim. Era meu objetivo de viagem, desde que comecei isto tudo, meu objetivo era chegar em Jerusalém por terra. Bom, agora isso é concreto! =D

Jerusalém, quando ela foi criada? Difícil dizer, arqueólogos apontam para 2 mil anos antes de Cristo, as religiões acreditam que começou com a vinda de Abraão para a terra que Deus havia designado para ele iniciar o seu povo. Ali, segundo os judeus, ele teria oferecido seu filho Isaque para sacrifício, e dali também os judeus acreditam que Deus começou a criação do mundo, de onde fica localizado o Templo. Quando os judeus fugiram do Egito, a cidade esteve com a tribo de Benjamin, e foi controlada pelos Jebuleus até que o rei Davi a conqusitasse e a tornasse a capital do Reino de Israel. Ali foi a cidade de Davi, 1000 anos antes de Cristo, e a história realmente documentada começa aí. O rei Davi era servo de Deus, toda sua história está na Torá e na Bíblia, além do Alcorão, e ele escreveu muitos salmos. O seu filho, Salomão, foi o responsável pela construção do Tabernáculo, o Templo de Deus, o Templo de Salomão, o Primeiro Templo, o local mais sagrado do mundo, onde o Espírito de Deus habitou. Então, os judeus entraram em transgressão e Deus abandonou o Templo, e logo os judeus foram conquistados pelos babilônios, houveram vários profetas na babilônia como Daniel, e vários anos depois, os judeus foram autorizados a voltar para Jerusalém e construíram o segundo Templo, que obviamente não era tão belo e grandioso quanto o primeiro. Mas este segundo Templo esteve ali até a época de Herodes e Jesus, quando Herodes aumentou o Templo, mas alguns anos depois os romanos, o Império de Ferro, destruiu o Templo, e ele nunca mais foi reconstruído. Depois, com o controle muçulmano, embora Jerusalém não apareça no Alcorão, eles tem crenças que ali é um local sagrado, porta do céu e do inferno, e ali construíram um dos lugares mais sagrados do islamismo, um tabernáculo, um santuário, a Doma da Rocha, esse que nós vemos hoje. Então, a cidade foi dos judeus, dos assírios, dos babilônicos, dos persas, macedônios, romanos (chegada do Messias), bizantinos, dos reinos islâmicos e pré-islâmicos, dos cruzados, dos mamelucos, dos otomanos, até o fim da segunda guerra se tornar território britânico, então de Israel e Jordânia, até virar, depois da guerra dos seis dias, de Israel. Então a cidade foi dividida em quatro quarteirões, dos armênios, dos judeus, dos islâmicos e dos cristãos. Longa história hein!

Então, depois de sair de Nazaré, do estimado Hostel Fauzi Azar Inn, chegamos em Aluba, e de Aluba pegamos um ônibus para Jerusalém. Isto porque era Sabah, uma sexta feira, e os ônibus de Nazaré para Jerusalém não funcionavam nem de manhã. Então chegamos na rodoviária de Jerusalém, muito bonita, um shopping, moderníssima, limpa, mesmo cheia de pessoas indo e vindo. Saímos sem mapa, e quisemos ir andando para as muralhas, difícil para quem está pela primeira vez na cidade, e ainda que perguntamos pouco, os únicos que conversamos foram taxistas que diziam: É loucura! São quase 10Km, venha comigo e pague só 30 dólares! E nós: não, vamos andando. Mas, demos uma bela volta até chegar às muralhas, mas tudo bem. Havia uma rua que ia reto da rodoviária até a cidade velha, só descobrimos isto depois, e usamos este caminho para ir andando até a rodoviária várias vezes, para ir a outras cidades próximas, e para partir dali. A rua se chama Jaffa Street.

Chegamos ao centro, eu tinha duas opções de hostel que havia selecionado no www.hostels.com, os melhor avaliados, o Abrahan Hostel, que depois descobri que ficava um pouco longe, pelo menos 1Km da cidade velha, e o Citadel Hostel. E o Citadel fica bem no meio da cidade velha, se você quer ficar no meio das muralhas, melhor localização não há! Vamos lá, primeiro vou falar deste albergue: pontos positivos: o terraço é incrível! Não há vista melhor em toda Jerusalém, fica mais ou menos na altura da torre da catedral luterana, que é ao lado do Santo Sepulcro, de lá se pode ver tudo, um pouquinho do Muro das Lamentações, se vê muito bem a área do templo, e a Doma da Rocha, com sua doma dourada, e o Santo Sepulcro, além de todo o monte das Oliveiras. Ou seja, tudo! Todos os quatro quarteirões. Também tem internet livre wireless, apesar de que se quiser internet, provavelmente vai ter que sentar na recepção, meu quarto não tinha sinal de wifi. É um hotel com estilo antigo, como antigas casas, até um pouco cavernoso, com a altura das paredes não muito alta. Pontos negativos: Os banheiros são um nojo, são fedidos, pequenos, vou tentar fazer você imaginar um banheiro de lá: imagine  um vaso sanitário e o espaço que você precisa em frente dele, é isso. Só que com uma torneira em forma de chuveiro, presa na altura da cintura, em frente ao vaso sanitário, que você abre e tem que segurar com uma mão para tomar banho com a outra, em frente ao vaso, e com a água não muito quente. Os quartos: são pequenos, como o meu era um dormitório era maior mas lotado de camas, obviamente, mas o problema é que as camas tinham colchão fino demais, e o travesseiro era pior que se eu dormisse apoiado em uma blusa, além disso o local me parecia um pouco sujo, a roupa de cama, lençóis e companhia, não eram bem lavados, dava pra ver isto nitidamente. Quem cuida do hostel parece que são mochileiros que ficam por lá trabalhando para não pagar a estadia e ficar por Jerusalém, bom, tem gente que gosta, eu resolvi ficar lá só os 3 dias que reservei (ficaria 8 dias em Jerusalém), e fiquei os 3 dias pois é impossível cancelar após a reserva, o dinheiro não volta, ou o passaporte fica retido. E, não tem café da manhã, só cozinha, tudo bem se a cozinha fosse boa, mas é um nojo, uma delas é melhorzinha, mas a outra é um nojo, literalmente, tinta das paredes caindo, infiltração, cadeiras com o meio delas furado, geladeira dos anos 80 sem manutenção, e o resto também, sem talheres que preste, enfim, parece que não há nenhuma renovação naquilo a anos, o dono esqueceu que é melhor dar um bom serviço aos clientes e resolveu abandonar, já que as pessoas pagam né. Mas a vista do terraço é imbatível!! Problema é que estava muito frio para ficar lá fora.

Mas agora falando sobre a cidade, chegamos, e ao ver os muros, e passar pelo portão de Jaffa, foi muito gratificante, finalmente estar entrando por aqueles muros, daquela cidade de tanta história. Depois de deixar as coisas no hotel, demos umas voltas e já era noite, e era Sabah, ou seja, estava TUDO fechado, só algumas coisas no bairro cristão estavam abertas. Então andamos, e vimos muitos homens brancos, com cabelos e barbas pretas, barbas compridas, e bigodes, e com o cabelo curto, mas um tufo de cabelo saindo da frente de cada orelha, e longo, alguns, ou a maioria, com tufos encaracolados, consegue imaginar? Eles andavam apressados, isso pelo bairro muçulmano, às vezes em grupos, meio que atropelando todo mundo, meio estranho, eram os judeus ortodoxos, vestidos todos de preto, e chapéu preto, e alguns chapéis eram quadrados, de pele. É, estranhos.

Então no outro dia começamos a visita de verdade, mas resolvemos seguir um Tour gratuito que há na cidade, todos os dias, às 11 horas da manhã, na parte de fora do Jaffa Gate, começa um Tour pela cidade gratuito. A cidade tem quatro quarteirões, o Armêmio, o Judeu, o Islâmico e o Cristão. Começamos pelo bairro armêmico, e o guia explicou: alguns me perguntam: Mas por que numa cidade tão importante e tão disputada, um povo armeno tem um quarto da cidade, como isto aconteceu? Quem sabe você esteja com esta dúvida. Quem sabe até, tua primeira dúvida seja: Onde é a Armênia afinal? ? A Armênia é um país que fica no lado leste do Mar Negro, ao lado da Geórgia, entre a Turquia, o Irã e a Rússia, que lugarzinho ruim pra se fazer um país não é? Mas então, antes, na época pós Cristo, este era um grande reino, e foi o primeiro reino do mundo a se converter ao cristianismo, antes dos romanos. Então muitos foram para lá, e lá viveram, em Jerusalém, então sempre tiveram um bairro formado por eles, já que formaram uma comunidade por muitos anos, quando os muçulmanos conquistaram a cidade, eles continuaram por lá, e quando os cruzados conquistaram a cidade, eles eram só homens, e para tentar povoar a cidade, tiveram filhos com as únicas cristãs da área, as armenas, então assim este povo começou a ter mais relevância. Depois teve a época dos muçulmanos e eles uma época foram espulsos, mas quando a cidade foi reunificada, ou, dividida, nos últimos anos, eles por serem este povo que sempre esteve ali, teve direito a um quarto da cidade, o seu quarteirão que sempre foi deles.

Depois andamos pelo bairro judeu, judeus já imaginam porquê têm um quarteirão não é? Fácil. Eles tiveram o direito de voltar para a cidade depois de muito tempo exilados, e agora têm o poder sobre toda Israel. Lá fica a Sinagoga da Ruína, pois esta sinagoga nunca teve muita sorte, foi várias vezes destruída. E a última vez que a construíram foi este ano. Então imagine. Ali também fica o famoso Muro das Lamentações, ou Western Wall como eles preferem chamar. É um bairro bem limpo e organizado, mas com muita segurança, principalmente para ir para a área do Muro das Lamentações, passamos por revista antes de entrar na área.

Depois andamos pelo bairro muçulmano, e comparando com o bairro judeu, já que fomos de um para o outro, é inevitável comparar negativamente o bairr muçulmano, o cheiro, o lixo nas ruas, a confusão, as pessoas gritando, vários tentando vender coisas, uma confusão, mas que eles gostam. Ali fica a entrada para o Templo, e a Via Dolorosa.

Então chegamos no último bairro, o bairro cristão, que fica onde muitos acreditam ser o alto onde ficou a cruz de Jesus, então ali está o Santo Sepulcro, pois acreditam que quase no mesmo lugar que foi crucificado, foi sepultado, e ali na época de Jesus era fora dos muros da cidade. Ali é sempre cheio de gente, turistas, crentes e peregrinos. Há uma pedra na entrada, acredita-se que ali o corpo de Jesus foi preparado por José de Arimatéia, todo mundo ajoelha e chora ali, cheio de incenso em volta. É uma igreja escura, pois é, apesar de dividida entre igrejas, principalmente ortodoxa. Então tem aquele ar ortodoxo, pesado e triste, pelo menos é assim que parece pra mim, com uma grande carga emocional, e o cheiro de incenso por toda parte, claro. Também há o local onde Jesus foi cruficiado, a Gólgota, e onde ele foi sepultado, o Santo Sepulcro, estes são os locais mais importantes na igreja.  Gostei bastante, apesar do clima pesado.

Neste mesmo dia, antes da excursão, fomos para a Tumba de Davi, e o local da casa onde foi realizada a Última Ceia. Ali também tem uma igreja dedicada a Maria. A Tumba de Davi, é um local muitíssimo importante para os judeus, e para entrar lá só com o chapéuzinho deles, mas, difícil que seja realmente do próprio rei Davi, difícil aguentar 3 mil anos, mas, nada é impossível não é?

Neste dia não visitamos nada que fosse judeu, nem muçulmano, pois era sábado e estava tudo fechado, inclusive as lojas. Então após a excursão andamos para o portão dos Leões, e seguimos em direção ao Monte das Oliveiras. Lá, aos pés do monte, estão os Jardins de Getsemani, me lembraram muito o que eu vi no norte do Mar da Galiléia. Ali foi onde Jesus chorou, sofreu, sozinho, uma madrugada antes de ser preso, os seus discípulos não conseguiram ficar acordados com ele, e Jesus sofreu, até suar sangue. E então, ali, foi traído por Judas, com um beijo, e levado à prisão de Caifás para ser julgado por ele, e após para Pilatos. Aqui está o trecho da Bíblia que conta isto, em Marcos 14, 32-46:
E foram a um lugar chamado Getsêmani, e disse aos seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu oro.
E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se.
E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui, e vigiai.
E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora.
E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres.
E, chegando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não podes vigiar uma hora?
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
E foi outra vez e orou, dizendo as mesmas palavras.
E, voltando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam pesados, e não sabiam o que responder-lhe.
E voltou terceira vez, e disse-lhes: Dormi agora, e descansai. Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores.
Levantai-vos, vamos; eis que está perto o que me trai.
E logo, falando ele ainda, veio Judas, que era um dos doze, da parte dos principais dos sacerdotes, e dos escribas e dos anciãos, e com ele uma grande multidão com espadas e varapaus.
Ora, o que o traía, tinha-lhes dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o, e levai-o com segurança.
E, logo que chegou, aproximou-se dele, e disse-lhe: Rabi, Rabi. E beijou-o.
E lançaram-lhe as mãos, e o prenderam.


Ali no Getsemani estão algumas oliveiras que parecem ser milenares, testemunhas do sofrimento de Jesus. E há uma igreja ali, bem bonita, do sofrimento de Jesus, há uma pintura no fundo da igreja de Jesus numa pedra do Getsemani sofrendo, e a pedra no altar, onde Ele teria sofrido. Ali também estão vários versículos bíblicos sobre esta madrugada de sofrimento.
Depois continuamos subindo, passamos por onde está a tumba dos profetas, entre eles Elias, e subimos ao mirante. Vimos um pôr do sol que com certeza entra pra minha lista dos mais bonitos que já vi, o sol enorme, sobre Jerusalém, tenho até um vídeo (um dos poucos que consegui colocar no Youtube, e por ser pequeno), deste pôr do sol incrível! Depois, descendo, encontramos novamente o grupo daquela agência que faz as excursões de graça por Jerusalém, eles estavam na tumba de Maria, mãe de Jesus, fica aos pés do monte das Oliveiras. Aliás, o monte das Oliveiras é o local das tumbas, de judeus, é tomado por cemitérios judeus, pois eles acreditam que ali neste monte, é onde Deus levará o Messias, e onde haverá o juízo final, então ali eles estão mais perto disto. Então tá né, é ali também onde Jesus ascendeu aos céus, depois dos 40 dias ressurreto com os seus pela Terra, mas não acreditamos que Ele vá voltar exatamente ali, pois ao mesmo tempo que todo olho verá, será rápido e secreto como um ladrão na madrugada, num dia qualquer. 


Então, ali, na tumba de Maria, embaixo da terra, uma caverna, bem escura e de clima pesado, obviamente território dos católicos ortodoxos gregos, encontramos o grupo, e lá, coincidentemente estavam também dois brasileiros que estavam no grupo da manhã conosco, além de duas espanholas. Começamos a conversar com eles, e eles não estavam com o grupo, foi coincidência, então voltamos juntos para a cidade e andamos pela Via Dolorosa, seguindo cara parte, eu tinha um mapa que explicava o que significava cada ponto da Via Dolorosa, onde Jesus foi julgado por Pilatos (há uma igreja bem interessante ali), era onde ficava o Palácio Romano. Onde Jesus caiu a primeira vez, onde caiu a segunda, onde o ajudaram a carregar a cruz, até o Santo Sepulcro, a Gólgota. Aí voltamos e jantamos num restaurante no bairro árabe, que arrependimento! Caro e comida ruim, mau feita, não gostei nem um pouco, além do ambiente ruim. Ah, os brasileiros eram o Juliano e a Regiane, e as espanholas a Sol, e a, esqueci o nome! Hehehe. Depois de nos despedirmo das espanholas, seguimos conversando com o Juliano e a Regiane, muito gente boa eles! Conversamos sobre várias coisas, o Juliano é geólogo e está fazendo uma viagem pelo Oriente Médio, só que com um pouco menos tempo que nós. Mas quase o mesmo roteiro (no final). E a Regiane é uma jornalista muito competente, hehehe, estava no Qatar, e com as curtas férias estava por aqui! Fomos com eles até o hostel deles, o Abrahan Hostel, longe! Pois queríamos trocar de hotel, mas no fim acabamos indo para o Jerusalém Hostel, depois no outro post sobre Jerusalém falo sobre este. Tentamos assistir uma apresentação na Torre de Davi mas nem deu, mas acho q nem valeria a pena. E foi assim este dia, inesquecível!

Eu fiquei de dizer algumas opiniões pessoais sobre o que vi por aqui, da cultura, dos conflitos, da nossa visão, da outra visão, e vou escrever isto, no próximo post! Então o próximo post será também sobre Jerusalém, não se preocupem que não é só isso! Haha, tem mais! E agora vão as fotos:

 Muro das Lamentações
 Vista do terraço do Citadel Hostel
 Local da Última Ceia
 Tumba de Davi (não vou postar foto da tumba em si, senão os judeus me caçam, haha)
 Igreja de Maria
 Onde estava o jumentinho
 Gólgota
 Oliveiras milenares do Getsemani
 Getsemani
 Tumba dos Profetas
 Jerusalém vista do Monte das Oliveiras
 Pôr do sol em Jerusalém
 LINDO Pôr do sol em Jerusalém!
 Salas do Citadel Hostel

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