quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Aleppo – Dias 28 e 29

E então, Turquia ficou para trás! Saímos cedo de Antakya e pairava uma dúvida na minha cabeça: será que eu teria problemas por não ter um visto para a Síria? A viagem de Antakya até Aleppo dura 2 horas, mas são mais umas 2 horas na fronteira. Até eles pegarem visto pra todos os turistas demora, e olha que no nosso ônibus havia só uns 15 turistas: 4 japoneses, 3 koreanos, 3 malasianos e 2 americanos. Americano tem que pagar uns 300 dólares para pegar o visto, nós pagamos 28 dólares cada um, e saiu na hora, de um mês, para os outros é sempre menos tempo, pra alguns só 3 dias. Eles gostam de brasileiros!
Aliás, aqui na Síria isso é bom. Todos gostam de você, só falar que é brasileiro que eles já dizem Welcome! Eu gosto muito do Brasil, é uma país muito alegre! O melhor time de futebol do mundo! Sem exceção, todos foram assim conosco. Inclusive até pude entrar nos lugares turísticos meio de graça só por ser brasileiro. 

Chegamos quase ao centro da cidade e fomos andando sem mapa em direção da cidadela, que domina a cidade velha. Chegando lá pegamos informações numa loja de câmbio, pois é difícil achar quem fale inglês. Eu tinha um hotel anotado para procurar, e fui pra região deste hotel. Depois de muitas voltas chegamos na regiãos dos hotéis baratos, e encontramos o único hostel da cidade. E lá ficamos, pagamos 7 dólares cada. No hotel Spring Flower Hostel, perto do Relógio famoso que tem perto do Sheraton, se você for pra cidade vai saber onde é isso. O quarto era simples, com banheiro que era inteiro um boxe de chuveiro para banho, junto com a pia e o vaso, mas pelo menos tinha vaso, luxo por aqui. Internet wireless pagando, e pegando mal e lenta, terraço legalzinho onde as pessoas dormem em colchonetes. Mas eu prefiro pegar um quarto porque se for pra economizar 2 dólares pra não dormir direito por causa de gente falando até de madrugada, meus 2 dólares a mais foram muito bem gastos no meu descanso! O quarto duplo custou 14 dólares, ou U$7,00 para cada um. O hostel não é luxuoso, fica numa região estranha, mas é a melhor opção pra mochileiros na cidade, sem dúvidas, muito barato e oferece o que é necessário. E chegando no hostel depois de tantas voltas, os japoneses e koreanos estavam chegando no mesmo hotel, devem ter se perdido e se complicado por causa do idioma assim como nós, e acabaram no mesmo lugar! 

Não é perigoso o lugar, só é escuro, numa rua pequena. A Síria não é perigosa, aqui a noite fervilha. Saímos a noite e encontramos uma cidade viva, funcionando tudo normalmente até umas 22h. Muito diferente da Turquia, que era 17h e já estava tudo morto. E é seguro, todos são religiosos, e o governo deve ser muito rígido com quem infringe a lei, então eu me sentia muito seguro andando pelas ruas a noite, segurança total! Se fosse em São Paulo, vish. No último dia eu sai com meu laptop na mão, nem mochila usei, e andei por bastante tempo na rua com ele, sem problemas, tinha que reinstalar ele.

Mas o que me chamou atenção nessa cidade é que a primeira impressão foi de pura bagunça, bagunça demais, pois o trânsito é caótico. Parece Índia, milhares de táxis nas ruas e carros, e vans, e pessoas andando por entre os carros, e ninguem respeita pista da rua, todo mundo anda meio torto, e um monte de gente também se esbarrando nas ruas, mas, vim aqui pra ver o diferente né! Depois descobri que isso era mais no centro velho da cidade, no centro novo é um pouco mais civilizado. Mas lá eles usam a buzina como quem usa o pisca para virar, como buzinam!

O primeiro dia aproveitamos a noite, andamos bastante pelas ruas, descobrimos o reduto de informática da cidade, tinha de tudo por lá, descobri que na Síria, por causa de taxas quase nulas e boas relações de comércio, obtém produtos com preço muito baixo, e revende com este preço baixo, por exemplo um laptop que na Europa custa 1400 euros, aqui custa 900 euros. No Brasil custaria 1600 euros o mesmo no Mercado Livre e uns 2000 euros numa loja normal, um Sony VAIO i7.

No segundo dia, fomos para a cidadela e a cidade velha. Entramos na cidadela, imponente pelo seu tamanho e grandeza, domina a cidade velha. Gastamos boa parte do dia lá, para entrar apresentei o meu cartão de estudante que já tem a parte da frente diferente o que já deixa os caixas desconfiados, e ainda um “2008” domina a parte da frente, aí fica difícil não ver que já está vencida né? Mas mesmo assim, ele falou que eu era brasileiro então eu poderia entrar pagando U$0,20 pela entrada, preço de estudante, o preço normal seria uns U$3,20. Na verdade eu não li muito sobre a cidadela pra saber da sua importância, na minha ingenuidade imaginei que estaria tudo escrito em inglês explicações sobre os lugares onde visitaria, doce ilusão.

Agora vou falar a verdade, ser turista não é só andar. Para ser um bom turista primeiro você tem que estudar o lugar, a sua importância histórica, e tudo o que passou por aquele solo onde você está pisando. Assim você aproveita realmente sua viagem, você imagina que por ali, tudo aquilo aconteceu. Isso se for um turismo de história né, pois se for pra ir pra algum resort aí sim você só tem que relaxar. Mas aqui, tem que estudar antes. E depois tem que ter disposição pra todos os dias acordar cedinho e ficar na rua andando até a noite, quando você volta para o hotel tomar um banho, esticar as pernas e sair denovo pra comer. Isso serve para viajantes normais e backpackers, mas a parte da comida, backpacker pode comer comida de mercado e não em restaurante, hehe. Além de qie vai estar num albergue ou na casa de algum Couchsurfer. 

Continuando sobre a cidadela, vi lá duas italianas que estavam com uns três sírios que pareciam estar doidos por elas e estavam de guias delas, corajosas. E vi uma garota com cara de quem não está gostando, aparentava ter uns 18 anos, a mãe, e um cara que aparentava com sua roupa d etrabalhador ter cerca de 28 anos. Estavam falando em árabe, mas c erteza que estavam era negociando o dote da menina para ele. Achei estranho a falta de liberdade de escolha, mesmo eles achando que assim a mãe escolhendo o marido, a escolha vai ser mais lúcida e lógica, e não tomada no fogo da paixão que é irracional, assim com mais possibilidades de dar certo o casamento. Mas enfim.

Falando nisso, na Síria, em Aleppo, começou de verdade a parte oriental da viagem. Todas as mulheres com véu, pelo menos na cidade velha, todas. E muitas vestidas inteiras de preto, e cobrindo até o olho. Eu sei que é costume e elas se sentem bem assim, nada é imposto, mas que costume estranho sobrir até o olho! Outras deixam só o olho de fora, e são das mais atraentes, porque o olhar árabe hipnotisa, e aquilo enfatisa o olhar. E outras deixam a cara inteira para fora do véu, prefiro assim na verdade, é o mínimo. Eu gosto de ver cabelo bonito, mas elas esconderem é uma arte da conquista, aquilo que é mais difícil de alcançar, é aquilo que se quer, aquilo que é fácil, não desperta interesse, não é sempre assim? Eu tive uma sorte, mas uma sorte, uma mulher que estava toda de preto, cobrindo até os olhos (você pensa que se cobre porque deve ser uma baranga né), ela teve que tirar o véu por qualquer coisa e foi fazer isso rapidinho na rua, tirou a parte que cobria o rosto, e eu pude ver o rosto inteiro dela. Meu Deus. Que visão, resplandecia o rosto dela de tão bonita, haha. Linda demais, e aí ela olhou pra mim e acho que se assustou e logo pôs o véu denovo, foi muito rápido. Aiaiai as sírias. No post sobre Damasco vou falar mais sobre as mulheres sírias, mas já adianto que são as mais belas do mundo, são as descentes das primas de Sara, herdaram a beleza, são pequenas de corpo, branquinhas de pele e de cabelos lisos e sedosos naturalmente e pretos ou castanho escuro. E essa era assim.
Depois da cidadela andamos pelo centro velho, comemos kebab, visitamos umas mesquitas e andamos pelo mercado de especiarias do centro velho de Aleppo, bem grande ele, mas achei um pouco sujo.

Sobre comida, essa foi uma parte que não agradou muito na chegada à Síria. Não achamos vários restaurantes como achávamos na Turquia, aqui é mais difícil encontrar um restaurante bom e barato. Em Aleppo só conseguimos um dentro de um mercado, mercado aliás que era um oásis no meio daquela bagunça, com preços de 5 a 6 dólares por prato à la carte. Pelo menos os Kebabs, ou Gyros, nas ruas salvam, custam 1 dólar. E a coca cola no mercado achei absurdamente barata, a lata de coca custa U$0,38 e a garrafa de 2 litros custa U$0,79, ou R$1,40. No Brasil eu fico pobre por isso, pago o dobro.
No outro dia saímos cedo do hotel e pegamos um táxi, achamos que ia ser muito caro, mas aí veio a constatação: Na Síria tudo é muito barato, mas o mais barato é o transporte. Pagamos 1 dólar para o táxi para ir até a rodoviária. Na rodoviária, pagamos 2 dólares cada um pra viajar para Hamah, nosso próximo destino. 








Um comentário:

Marcelo disse...

Ei Lucas, esse spring flower ficava na frente do hotel que fiquei! E ele estava no guia dos coreanos e japas.. por isso eles iam direto nele! Cara, que legal Allepo. Agora revivi várias experiências: as "fantasminhas" de preto.. o trânsito caótico.. atravessar a rua no meio do caos e das buzinas.. a cidadela.. o povo falando "welcome" o tempo todo! Me senti muito bem recebido. E, claro.. aquele olhar hipnotizante das moças sírias.. AAAAAHHHHHHHHH...

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