sábado, 11 de dezembro de 2010

Krak des Chevaliers em Hamah, Síria - Dias 30 e 31

De Aleppo a Hamah tivemos uma compania no ônibus, um sírio que conhecemos na rodoviária. Ele é estudante de medicina e a família dele é de um vilarejo próximo a Hamah, então ele foi do nosso lado no ônibus. Ele me passou uma músicas por bluetooh no celular e eu passei duas de reagee pra ele pra lembrar o Brasil, uma delas foi Casa do Sol, do Armandinho, haha, vamos promover a cultura manézinha! Chegando lá, ele nos arrumou o táxi por U$1,00 para o centro, o táxi nos levou para um hotel que a menor diária era 160 euros, pra que pagar isso? Se andando um pouco chegamos num lugar melhor localizado, ao lado do relógio central da cidade, o Hotel Riad, U$12,00 cada um para o quarto duplo. Do quarto não dá pra reclamar, banheiro ótimo, quarto enorme, cama super confortável, quarto limpo, com TV, aquecimento, até frigobar! Por esse preço! Só a internet não era incluída, mas tinha sinal WiFi disponível então paguei 2 dólares e tive acesso livre no meu quarto com meu laptop. Livre em termos, que aqui agora vou falar sobre a internet neste país chamado Síria.

Olha, eu não sei o que é o propósito do governo, se é pra isolar sua população do mundo, ou protegê-la, ou manter sua cultura. Só sei que não concordo. Primeiro que a qualidade da internet na Síria é uma porcaria, lenta. E grande parte dos sites mundiais, aqui é bloqueado. Na Síria inteira o YouTube é bloqueado, então é impossível assistir vídeos ou fazer uploads. Aqui o Facebook é bloqueado, então esqueça de encontrar uma Síria linda no Facebook. Aqui o Blogspot é bloqueado, então nenhum sírio pode ler meu blog, pois meu blog é blogspot, e para mim é dificílimo postar no meu blog aqui da Síria. As pessoas usam proxys para poder acessar as coisas, mas aí precisa de internet rápida, o que eu não encontrei aqui. Há várias outras coisas bloqueadas, por exemplo não se consegue usar Adobe Acrobat, nem Acrobat Flash, nem o Skype, nem qualquer software com VoIP. Difícil. Eu só consegui atualizar as minhas coisas novamente no Líbano.

Continuando, no primeiro dia chegamos e o dia foi embora, antes das 17h já era noite. Então saímos pelas ruas explorar, não vimos muita coisa, nem encontramos restaurantes, então o que salvou foi um kebab, ou gyros. Decidimos fazer no outro dia o tour do Krak des Chevaliers, que levaria até a cidadela de Mysaih, depois ao convento de São Jorge e depois ao Krak des Chevaliers. Decidimos pagar, primeiro porque não era tão caro (U$15,00 cada um), e pagaria todo o transporte até os 3 lugares, e assim ficaria mais fácil, do que pagar um táxi para a rodoviária, esperar um ônibus até Homs, ir até Homs, encontrar um van para Krak de Chevaliers, voltar de van até a última van que sairia 14:30, esperar um ônibus para Hamah, e pagar um táxi até o hotel. E se fizéssemos por conta visitaríamos só um lugar, não três, foi assim que o recepcionista do hotel me convenceu. Mas na verdade eu teria feito melhor se tivesse ido por conta. Por conta eu pagaria no total U$8,70 para cada um. Com o tour acabei pagando U$19,00 cada um. Vou explicar o porquê da minha insatisfação:
Saímos 7 horas da manhã, tinham me dito que voltaríamos 15h, quem sabe poderíamos até ficar mais porque estávamos pagando só o transporte. Tudo bem, fomos. Éramos nós dois, mais uma turista no banco da frente, depois descobrimos que era uma brasileira americanizada. Vive nos Estados Unidos desde os 11 anos, a esperta apresentou só o passaporte americano para entrar na Síria e pagou 10 vezes mais para entrar. Depois quando chegamos ao Krak de Chevaliers, nossa última parada (chegamos às 10:00) ela pediu pra que estivéssemos devolta 11:30, porque ela (a princesinha) tinha um ônibus ela Hamah às 12:45 e não queria perder. E nós que pagamos pelo tour até o pôr do sol praticamente teríamos que cortar nosso passeio que é o primeiro e quem sabe até o último nesse lugar tão importante, por causa dessa criança. Queria bater nela.

Enfim, briguei, fiz o motorista ligar pro cara do hotel, falei com ele, mas não teve jeito, eles tinham combinado que iam levar ela à tempo. E nós? Bom, agora vou contar sobre os lugares, depois conto o desfecho desta história.

Primeiro chegamos à cidadela de Mish e fomos até a cidadela, que abria só dali meia hora, então só tiramos umas 5 fotos e fomos embora, estava muito frio, 1/3 do passeio foi isso.

Depois chegamos ao convento de São Jorge, entramos, estávamos bem à vontade, ficamos um bom tempo lá dentro, existem 3 igrejas, uma que foi construída no início do cristianismo, lá pelo século IV,  depois uma igreja construída pelo cavaleiros das cruzadas no século XII, e uma catedral mais nova, usada hoje. É possível visitar as três, e assim fizemos. É uma igreja que sempre foi dedicada a São Jorge, patrono de tantos reinos importantes que existiram, como por exemplo de Gales, ou de Portugal. Mas, né, eu nunca fui a favor dessa história de venerar e rezar pra santo ajudar, pra mim isso é exatamente o mesmo que idolatria a semi-deuses, isso fica bem mais claro quando você conhece mais da religião dos gregos antigos, politeísta. Dizer que os santos são só exemplos de vida não cola, se ele é intermediador no céu, ele não é simplismente um mortal como nós. E segundo a Bíblia o único intermediador para com Deus é Jesus Cristo, então, pra que isso? Não entendo. É idolatria. Se ler a Bíblia um pouquinho vai saber. Desvia do foco. É que quando penso em São Jorge já imagino a típica dona de casa brasileira: “Ai meu São Jorge, me ajuda!” Pede ajuda pra Deus mulher! Ele é grande suficiente pra ter ouvidos pra você e a todos que a Ele buscam.

Enfim, depois disso fomos para o Krak de Chevaliers, onde a criatura falou aquilo que estragou o dia, isto explica o tom um tanto quanto ríspido deste post! Hehe. Então, Krak de Chevaliers é um lugar muito especial, pode procurar no mundo, mas a fortaleza medieval mais bem conservada e mais bem estruturada é esta, com certeza. Ela foi entregue aos Hospitalários, que era cruzados, vieram da Europa, por ordem da Igreja para reconquistar a Terra Santa para o Cristianismo. Ali eles tinham controle do comércio e do tráfego entre o reino de Trípoli no atual Líbano, e as cidades do Oriente, então se árabes fossem entrar pelo norte na Terra Santa, os Hospitalários não deixavam. A fortaleza é uma das 3 que são chamadas de Krak, essa protegia o reino de Trípoli, e as outras duas protegiam Jerusalém. Mas esta era a mais forte estruturalmente, e que conserva isto até hoje. Ela fica no topo de um morro, que tem vista para toda a planície, e deste morro erguem-se as imponentes muralhas desta impressionante construção. Como é um morro, os inimigos ficavam mais vulneráveis ao fogo das várias torres que guardavam a muralha, então as torres poderiam atingir lugares mais afastados pelo desnível do terreno. Se o inimigo conseguisse passar da primeira muralha, o que era muitíssimo difícil, ele morreria tentando passar pela segunda muralha. Sim, depois da primeira grande muralha há um poço de águas e depois outra muralha enorme, e aí sim a cidade, então ali o inimigo não tinha muitas chances. Toda a fortaleza é estrategicamente construída para a guerra. Nessa época, uma estratégia de ataque era cercar a cidade, e fechar o comércio para ela, assim a população não receberia alimentos e teria que se render. Krak des Chevaliers estava preparada para isto, os armazéns da cidade eram tão grandes que dizem que 2000 homens sobreviveriam a uma campanha de 5 anos. Dentro da cidade é bonito de ver tantas construções, uma igreja, as torres, o pátio central. Ele só foi conquistado pelos muçulmanos quando já estava no fim das Cruzadas e havia muito poucos cristãos no Krak, de maneira que o exército conseguiu passar da primeira muralha explodindo uma torre, mas aí encontrou a segunda e começou a levar fogo, aí mandaram um pombo-correio para dentro do Krak propondo que se rendessem, e se entregassem, assim seriam escoltados com vida até o reino de Trípoli, e assim aconteceu, pois eles eram poucos, saíram com honra, pelo menos essa é a história!


Ali eu encontrei uma blogueira chamada Fernanda, estava com o marido Leonardo visitando o país por 3 dias. Ela é uma profissional! O blog dela é muito grande, o meu é só um caderno de recordações perto do dela, haha. O blog dela é este: www.viaggio-mondo.com . É um blog de turismo, tem dicas sobre lugares a visitar quando se vai viajar. Ela me contou que já passou por 40 países, e na hora eu não sabia quantos eu já havia visitado, depois fiz as contas e contei 35 países. Então eu já chego nela! Haha. Só falta fazer o mochilão pela América do Sul, depois ir para o Oriente Oriente mesmo. Muito legais eles, gostei de ter encontrado eles nessa minha viagem! Ela me falou de um encontro de blogueiros que vai ter em Dubai no dia 15 de dezembro de 2010, se eu podia ir, mas estarei em Jerusalém, seria até legal, mas além de que é caro pra um simples mochileiro, não tenho muito tempo. E também legal que o Leonardo tem o mesmo curso que eu, que é como o Comércio Exterior, mas ele trabalha com importação e exportação no Oriente Médio, coisa que estudei bastante na universidade.

Em Krak des Chevaliers eu fiz umas fotos incríveis, aliás eu idealizei, quem tirou foi meu pai, fiquei muito entusiasmado com as fotos que saíram. A luz parecia material, parecia que eu podia pegar ela com a mão, e a luz vinha com um calor muito confortável, energia pura! Eu depois com as duas melhores fotos disse, na primeira: Eu encontrei a luz, comigo pegando a luz na mão, depois na segunda, comigo envolto pela luz: e ela me dominou. Pode ter sentido cristão esta frase dependendo do que quer ouvir o ouvinte, dependendo do ouvinte pode ter uma conotação de Star Wars, haha. As fotos estão aqui! Pode verificar!

Então, agora voltando ao tom ríspido do post. Para nós, o mínimo para aproveitar bem Krak des Chevaliers era 4 horas, mas acabamos ficando um pouco menos de 2 horas no local, graças a gracinha daquela menina. Saímos da fortaleza, mas chegamos uns 5 minutos depois do combinado lá embaixo. E cade o nosso carro? Sumiu, depois esperamos esperamos, e nada. Já tinha ido embora. Fomos num restaurante do local e o garçon sabia de nós, conhecia o motorista, ele ligou e avisou o motorista, o motorista contou que a “americana” tinha falado para ele que nós havíamos falado para ela que preferíamos voltar de minibus, ou van. Não duvido nada que aquela, criatura, falou exatamente estas palavras pra não ter que esperar por nós. E nós pagamos a mesma coisa que ela, e pagamos por um tour bem maior, e ela vai lá pra fazer isso. O meu alento é que muito provavelmente nunca mais vou ter que olhar na cara dela, apesar de o mundo ser pequeno. Então pegamos uma van, minibus, para Homs, e fomos até lá mesmo tendo pago pelo transporte, aí em Homs o motorista nos pegou, e pagou a condução. Foi simpático, então não brigamos muito com ele. Mas chegamos no hotel e mesmo já tendo passado horas do horário de check out falamos que iríamos embora, não daríamos mais nenhum centavo ali. E fomos, para a rodoviária, 3 dólares para ir para Damascus. Duas horas e meia de viagem. Mas minha avalição final do hotel não foi ruim não, que estragou foi aquela pseudo americana, pagamos só 12 dólares cada um por um quarto muito muito muito bom! Então tudo bem!

Agora as fotos:

 Igreja de São Jorge

 A fé

 Igreja de São Jorge

 Krak des Chevaliers

 As planícies

 Encontrei a luz

E ela me dominou

 
Fernanda, a blogueira!

 Krak des Chevaliers por dentro
 
 O Relógio de Hamah, ponto central pra encontrarmos o hotel!


7 comentários:

Murray Clark disse...

The photos of light are incredible! Excellent photos!

Igor disse...

só pode ser montagem!

Lucas Cavalheiro Bueno disse...

Não é não! Eu peguei a luz! E ela me pego! Hahaha... sério... eram feixes de luz

Marcelo disse...

Cara, que foto surreal!!!!!! Espetacular!

Essa brazuca americanizada.. meu, que azar, hein? Acontece... fazer o que!

E: "Aqui o Facebook é bloqueado, então esqueça de encontrar uma Síria linda no Facebook". Eu ri muuuuito disso! hahahahaahahhaa...

Anônimo disse...

E eu aqui rindo de ti!shaushausha
"Valei-me São Jorge",livra-me dessa princesinha!!!! Ah manézinho, só você mesmo pra encontrar uma dessas por aí. Já pensou se for tua cara metade? Os opostos se atraem.
Ameiiiiiiiii a tua luz e luz tua.
D

Anônimo disse...

Muito legal sua redação e as fotos!!! A foto das planícies é muito bonita!
Outra hora vou ler as dicas com mais tempo.


Ass. Aline

Fê Costta disse...

Ei Lucas!!!

Que supresa boa ver este post aqui!!! hahhaha obrigada pelos elogios ao meu blog! ;)

Esta semana tivemos uma mini-convenção aqui em Dubai com o guru da blogsfera no Brasil, o Riq Freire, do Viaje na Viagem. Depois dá uma olhadinha lá no blog para conferir! :)

Até hoje não fiz o download das fotos, assim que fizer mando as suas para vc!

Ótimo natal e um feliz ano novo para vc e seu pai!!

Bjs!

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